sexta-feira, 26 de abril de 2024

 



Comunicações mediúnicas entre vivos

 

Ernesto Bozzano

 

Parte 12

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico Comunicações mediúnicas entre vivos, de autoria de Ernesto Bozzano, traduzido para o idioma português por J. Herculano Pires e publicado pela Edicel.

Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo será publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. Os fatos apoiam a tese de que nas manifestações mediúnicas entre vivos ocorre, de fato, uma conversa entre duas personalidades espirituais subconscientes? 

B. Que diz Bozzano sobre a outra explicação, que não admite a conversa, mas sim a coleta de certas informações por meio de uma clarividência telepática especial do sensitivo?

C. Nas comunicações entre vivos, o comunicante encarnado, vendo depois a mensagem psicografada pelo médium, costuma lembrar-se de tê-la escrito?

 

Texto para leitura

 

170. Como vimos, é fato positivamente verificado que, nas manifestações mediúnicas de vivos, trata-se de uma conversa entre duas personalidades espirituais subconscientes. Segue-se daí que as mesmas manifestações se transformam em provas decisivas de identificação pessoal dos vivos comunicantes, provas que, por sua vez, confirmam também, respectivamente, as manifestações análogas pelas quais se obtêm provas de identificação pessoal dos mortos. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

171. Supondo-se, entretanto, como o fantasiam os opositores da hipótese espírita, que, nas comunicações mediúnicas entre vivos, os médiuns extraem das subconsciências destes as notícias que fornecem sobre a sua vida particular, deveriam ser interpretadas, de modo análogo, as provas em favor da identidade dos mortos, considerando-as um noticiário de fatos privados, surrupiados pelos médiuns às subconsciências dos vivos que conheceram o morto que se diz presente, tal coisa tornaria mais difícil a demonstração rigorosamente científica das provas de identificação espírita. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

172. Note-se que digo “mais difícil” somente e não teoricamente impossível, como pretendem alguns opositores. E digo assim porque tal demonstração se apoia solidamente em algumas modalidades de manifestação mais do que suficientes para distinguir as comunicações dos vivos daquelas dos mortos, como o demonstraremos nas conclusões. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

173. De qualquer maneira, repito que a hipótese de uma clarividência telepática especial, que possa selecionar à distância em alguma subconsciência alheia as notícias necessárias aos médiuns com a insulsa finalidade de se mistificar a si mesmo e aos outros, é puramente fantástica e cientificamente insustentável, por isso que destituída de qualquer fundamento na prática. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

174. Se quisessem explicar, com essa hipótese, os casos de identificação pessoal dos mortos, dever-se-ia pressupor que os médiuns conseguem selecionar nas subconsciências alheias coisinhas insignificantes, ocorridas, algumas vezes, mais de um século antes, sucedidas, não com a própria pessoa examinada pelo médium e sim com outras pessoas dele conhecidas. E isto mesmo quando o vivo em exame já esqueceu completamente e há muitos anos as ninharias em questão, o que o médium descobriria, selecionaria e surrupiaria igualmente da subconsciência de tal pessoa. Francamente, nada disto é sensato e parece incrível que tenhamos de levá-lo a sério, porque se encontram eminentes cientistas que acolhem, favoravelmente, tais fantasias. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

175. Passando a outras experiências com a mesma sensitiva, menciono aqui a narrativa de uma visita a Windsor, feita pela Srta. Summers, transmitida mediunicamente a Stead, do qual se achava a 250 milhas de distância. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

176. Em 15 de outubro de 1893, pôs-se diante da mesa, dirigindo o pensamento para a sua “correspondente espiritual”. Sua mão começou então a escrever o seguinte:

“Faz um dia esplêndido. Parti da estação de Paddington pelo trem de 1:15. Cheguei a Windsor, visitei o castelo, gozamos da vista desde o terraço e passamos logo a visitar a capela de São Jorge. Tinha desejado fazê-lo detidamente, porém, por falta de tempo, passei para o parque, em busca do seu célebre carvalho, sem chegar a encontrá-lo. Gamos saíam de todos os lados. Errei pelo bosque, encontrando um velho carvalho, mas não era o que procurava. Gastei três xelins de trem, meia coroa em comida, seis pence de telegrama e ônibus, num total de cinco xelins e dez pence.” (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

177. William Stead, muito oportunamente, observa:

“Tais informações se verificaram exatas: a hora da saída do trem, a sucessão dos fatos, os gastos, tudo exceto a soma, em que se enganou. Curioso esse erro de soma, frequente nas comunicações entre vivos e mortos, erro que provavelmente não depende de interferências subconscientes, senão de um mau cálculo da personalidade normal da Srta. Summers, acolhido pela personalidade subconsciente.” (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

178. Citarei ainda um exemplo tomado das experiências com a Srta. Summers, que servirá para convalidar quanto se disse sobre a sinceridade, sem reservas, com que as personalidades subconscientes confiam a um terceiro os seus casos mais delicados. Em 20 de setembro de 1893, Stead, como de costume, dirigiu seu pensamento à Srta. Summers, pedindo notícias. Imediatamente sua mão escreveu o seguinte:

“Hoje, para mim, é um dia de tristes ilusões. Em paga do meu trabalho recebi uma quantia bem inferior à que esperava, de modo que passo por dificuldades econômicas. Não lhe quis dizer nada, pois sabia que me daria o que me faz falta, mas não o quero. Entre outras coisas, devo três libras ao senhorio, mas logo lhe pagarei.

Eu lhe disse:

– Mandar-lhe-ei o que lhe faz falta.

– Não, não o aceitarei. Devolverei a quantia, pois não quero ser uma colaboradora mercenária.

No dia seguinte, enviei à casa da Srta. Summers uma pessoa de toda a minha confiança, a qual me confirmou tudo o que havia sido escrito mediunicamente. Aconteceu, porém, que quando a Srta. Summer soube que eu me havia inteirado de suas dificuldades econômicas, teve um grande desgosto.” (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

179. Pelo caso exposto, vê-se que nas experiências em exame não pode tratar-se de clarividência telepática, mas de verdadeiro diálogo entre duas personalidades subconscientes. Observe-se que, quando Stead disse: “Mandar-lhe-ei o que lhe faz falta”, a Srta. Summers respondeu: “Não, não o aceitarei”, resposta que implica uma ação dialogada no presente, e de nenhuma forma uma seleção de recordações latentes na subconsciência alheia. E, como o diálogo se mostrou verídico, não é o caso de invocar a hipótese das chamadas “novelas subliminais” ou subconscientes. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

180. O caso que segue se deu entre Stead e seu próprio filho, quando se achava no Reno, em viagem de recreio. Escreve o pai:

“Meu filho levava consigo uma Kodak e, como com frequência acontece, ficou sem chapas, de maneira que nos escreveu pedindo-as. Fi-las enviar e, quando já haviam transcorrido os dias necessários para o seu recebimento, interroguei-o mediunicamente, respondendo ele que as esperava com impaciência, pois não haviam chegado. Pedi informações e disseram-me que as chapas tinham sido enviadas. Porém, dois dias após, meu filho escreveu por minha mão: ‘Por que não me remete as chapas?’ Informei-me mais uma vez e soube mais uma vez que as chapas tinham sido expedidas havia já uma semana. Deduzi que minha mão estava sendo influenciada por interferências subconscientes e não quis provocar novos ditados de meu filho. Quando, porém, voltei para casa, soube com espanto que as chapas não tinham chegado ao seu destino e que as duas perguntas impacientes ditadas, em seu nome, pela minha mão em Wimbledon, correspondiam exatamente ao estado de ânimo de meu filho, quando se encontrava em Boppart.” (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

181. No caso exposto, e do ponto de vista da autenticidade das comunicações mediúnicas entre vivos, é interessante a circunstância de que Stead tinha a certeza de que as chapas fotográficas já haviam sido expedidas, certeza esta irreconciliável com a hipótese de uma mistificação subconsciente, pois em tal caso o pai devia ter-se sugestionado no sentido da própria certeza e provocar uma resposta conforme a mesma e, ao contrário, como a realidade era outra, a resposta do filho vinha de acordo com a realidade, a qual confirma que realmente existia o diálogo mediúnico. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

182. O episódio seguinte se deu com uma pessoa que ignorava o fato de William Stead fazer experiências de comunicação mediúnica entre vivos, não havendo com a mesma laços especiais de família ou de simpatia. Escreve ele:

“Poder-se-ia objetar que meu filho ou a Srta. Summers sabiam que eu tencionava fazê-los escrever com a minha mão, porém não se pode dizer o mesmo no caso seguinte, em que se trata de uma senhora estranha e com a qual eu só havia falado uma vez.

Há alguns meses eu me achava em Redcar, no norte da Inglaterra, e fui à estação esperar a referida senhora, colaboradora da Review of Reviews, que me havia escrito informando que chegaria ali pelas três da tarde.

Eu era hóspede de meu irmão, cuja casa se encontrava a uns dez minutos da estação. Quando faltavam cerca de vinte minutos para as três, pensei que, com a expressão “ali pelas três da tarde”, aquela senhora queria significar algum tempo antes da hora indicada e, como não tinha no momento um guia de horário das estradas de ferro, dirigi meu pensamento para a senhora, pedindo que me informasse, por intermédio de minha mão, a hora precisa da chegada do trem. É preciso notar que era a primeira vez que eu tentava a experiência com ela, e a resposta veio logo, dizendo que o trem chegaria às três menos dez. Não havia tempo a perder, porém, antes de sair de casa, quis saber em que estação se achava ela naquele momento. Minha mão escreveu:

– Neste momento o trem entra na curva antes da estação de Redcar. Dentro de um minuto chegaremos.

Perguntei ainda:

– Por que tanto atraso?

– Não sei por quê. Deteve-se muito na estação de Middlesbourough.

Guardei o papel e fui para a plataforma; o trem aparecia. Quando a senhora desceu, perguntei-lhe:

– Por que tanto atraso?

– Ignoro o motivo. O trem se deteve muito na estação de Middlesborough – respondeu-me.

Então eu lhe dei o papel para ler. Ela confirmou tudo o que eu havia escrito, acrescentando que não tinha nenhuma lembrança de ter sido interrogada telepaticamente por mim, nem de haver respondido.” (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

183. No episódio narrado fica bem clara a autenticidade do fenômeno de comunicação entre vivos, como também de se haver desenrolado uma conversa verdadeira e própria, entre duas personalidades espirituais subconscientes. O episódio torna oportuna uma discussão ulterior para esclarecimento do asserto de que, quando uma pessoa entra em relação psíquica e conversa mediúnica com outra pessoa distante, deve necessariamente cair em sonolência notória ou disfarçada. De fato, no caso em apreço, nota-se que a amiga de William Stead teve de responder às suas perguntas em dois tempos diversos e que em ambas as vezes o fez imediatamente. Surgem, portanto, os seguintes quesitos: “É lícito admitir-se essa rapidez na passagem do estado normal à condição de inconsciência e vice-versa?” Parece que sim. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

184. Durante a conferência de Stead em The London Spiritualist Alliance, foram formulados tais quesitos, e o Rev. G. W. Allen narrou, a propósito, o seguinte incidente pessoal que tende a demonstrar essa possibilidade:

“Tinham de extrair-me dois dentes molares e fui aconselhado a submeter-me à ação do clorofórmio. Eu me achava em estado de convalescença de grave enfermidade e sob a suspeita de que, em tal estado de saúde, o clorofórmio me faria mal, tornava-me um tanto hesitante. Quando começaram a aplicar-me o anestésico, fui tomado de um grande pânico e tirei a máscara, exclamando: ‘Não aguento, não quero tomá-lo’. O médico que me estava cloroformizando disse-me: ‘Fez muitíssimo mal em retirar a máscara, porque estava a ponto de adormecer. Experimente de novo e lhe garanto que tudo correrá bem’. Igualmente, a enfermeira, por sua vez, também me animava e por isso me decidi a submeter-me à prova, mesmo com o risco de sucumbir. Ajustaram-me de novo a máscara e respirei profundamente algumas vezes, depois levantei-me de um salto e sentei-me no leito, exclamando: ‘É inútil tentar a prova. Não posso adormecer’. O doutor disse-me: ‘Faça o favor de lavar a boca com esta solução’. Perguntei-lhe: ‘Por quê?’ Acrescentou ele: ‘Porque já lhe extraímos os dentes!’ Pois bem, eu teria jurado por qualquer tribunal de justiça que não havia perdido a consciência um só momento. E, ao contrário, tinha ficado inconsciente o tempo preciso para me extraírem dois dentes. Assim sendo, não é perfeitamente admissível que se possa realmente passar a outra condição de existência por um tempo mais ou menos curto, sem disso conservar recordação alguma?” (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Os fatos apoiam a tese de que nas manifestações mediúnicas entre vivos ocorre, de fato, uma conversa entre duas personalidades espirituais subconscientes? 

Claro. Bozzano apresenta neste livro inúmeros casos, todos comprovados, nos quais é evidente que em um número enorme de fenômenos a conversa gira em torno de assuntos ou ocorrências atuais, e não sobre fatos registrados no passado. William Stead contribuiu de forma notável com suas experiências para a comprovação dessa tese. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

B. Que diz Bozzano sobre a outra explicação, que não admite a conversa, mas sim a coleta de certas informações por meio de uma clarividência telepática especial do sensitivo?

Bozzano afirma que tal explicação é puramente fantástica e cientificamente insustentável, porque destituída de qualquer fundamento na prática, ou seja, ela não se apoia em fatos, como os exemplos mostrados neste livro comprovam de forma cabal. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

C. Nas comunicações entre vivos, o comunicante encarnado, vendo depois a mensagem psicografada pelo médium, costuma lembrar-se de tê-la escrito?

Muitos fatos descritos nesta obra mostram que não. Ele confirma o que está escrito, as informações que ali estão grafadas, mas não se recorda de haver escrito a mensagem. Pelo menos, na maioria dos casos. É como ocorre nos sonhos, cujo conteúdo nem sempre lembramos, porque se dão durante o sono corpóreo, e não no estado de vigília. O caso que se passou com William Stead em Redcar, no norte da Inglaterra, quando ele foi recepcionar uma senhora, colaboradora da Review of Reviews, mostra exatamente isso. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 11 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui:  https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/04/comunicacoes-mediunicas-entre-vivos.html

 

 

 

 

 


 

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quinta-feira, 25 de abril de 2024

 



CINCO-MARIAS

 

O Pequeno Príncipe, um livro atemporal

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com

As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes. Antoine Saint-Exupéry

 

Li O Pequeno Príncipe na infância e me senti comovida pela história e belas ilustrações. Adolescente e depois adulta, reli o livrinho algumas vezes, pois a narrativa contém mensagens importantes e um conteúdo filosófico valioso.

Considerado um livro para criança, O Pequeno Príncipe foi escrito por Antoine Saint-Exupéry, um ilustrador e aviador, em 1943. Um clássico da literatura infantil em todo mundo, amado por crianças e adultos, o livro é um dos mais vendidos de todos os tempos.

O Pequeno Príncipe é uma bela história de reflexão e aprendizado. A trama gira em torno das experiências do pequeno Príncipe, um jovem que sai de seu planeta e viaja à procura de novos mundos e descobertas.  Em uma de suas aventuras o pequeno Príncipe vai parar na Terra, mais especificamente no meio do deserto, local em que encontra um piloto perdido após um pouso difícil. Enquanto o piloto tenta consertar seu avião, os dois criam um forte laço de amizade, compartilhando histórias e aprendizagens.

Atemporal, o livro oferece uma história poética que fala sobre nosso cotidiano, nossas amizades, nossa ganância, nossos erros ordinários e repetitivos: o homem que não vê com o coração, que só se importa com o trabalho, que só cultiva o dinheiro, que não tem bons amigos e, principalmente, o homem que não é capaz de manter viva a criança dentro de si. Guiado por um rico conteúdo, O Pequeno Príncipe leva o piloto (e o próprio leitor) a refletir sobre as certezas da vida.

Livro infantil recomendado para crianças a partir de 10 anos, ele também é uma daquelas histórias que merecem ser revisitadas sempre, porque sua mensagem é capaz de nos cativar profundamente ao longo da vida, suas incertezas e desafios…

À medida que a boa literatura funciona também como lições significativas, O Pequeno Príncipe é um livro que toda criança merece conhecer... E se você não leu, aproveite para ser inspirado por essa bela história pontuada por ricos ensinamentos.

 

Notinhas

 

São personagens preciosos do livro: o pequeno Príncipe, o piloto, a rosa, a raposa…

Alguns trechos inesquecíveis:

“É o cuidado que você dedicou a sua rosa que a faz tão especial.”

“É bem mais difícil julgar a si mesmo do que julgar os outros. Se conseguir julgar a si mesmo, provará que é um verdadeiro sábio.”

“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso.”

 

*

 

Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 

 

 



 

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quarta-feira, 24 de abril de 2024

 



Revista Espírita de 1865

 

Allan Kardec

 

Parte 7

 

Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Em quantas categorias, em face das ideias espíritas, Kardec dividia o público de sua época?

B. As lágrimas dos pais, devido à desencarnação de um filho, são vistas de que modo pelos desencarnados?

C. A afinidade fluídica interfere na maior ou menor facilidade das comunicações?

 

Texto para leitura

 

71. A primeira utilidade da lei da destruição, utilidade puramente física, é na verdade esta: os corpos orgânicos não se mantêm senão à custa de matérias orgânicas, as únicas que contêm os elementos nutritivos necessários à sua transformação e manutenção. Eis por que os seres se nutrem uns dos outros, sem com isso aniquilar ou alterar o Espírito, que fica apenas despojado do seu invólucro. (Pág. 96.)

72. Além disso, afirma Kardec, há considerações morais de ordem mais elevada. A luta é necessária ao desenvolvimento do Espírito, porque é na luta que ele exercita suas faculdades. Aquele que ataca para ter o alimento e o que se defende para conservar a vida desenvolvem nesse esforço suas forças intelectuais. Um dos dois sucumbe. Mas o que foi que, na realidade, o mais forte ou o mais apto tirou do mais fraco? Apenas sua vestimenta corporal e nada mais; o Espírito, que jamais morre, mais tarde retoma outro. (Pág. 96.)

73. Como a mais imperiosa das necessidades materiais é a da alimentação, os seres inferiores da criação lutam para viver. O senso moral neles inexiste; sua luta tem, pois, por móvel unicamente a satisfação de uma necessidade. É nesse período que a alma se elabora e se ensaia para a vida. Mais tarde, ao atingir o grau de maturidade necessário à sua transformação, ela receberá de Deus novas faculdades: o livre-arbítrio e o senso moral, que darão um novo curso às suas ideias, mas isso só se dá gradativamente. Nas primeiras idades domina o instinto animal; depois o instinto animal e o sentimento moral se contrabalançam; o homem luta então, não mais para se alimentar, mas para satisfazer sua ambição, seu orgulho e a necessidade de dominar. (Págs. 96 e 97.)

74. Com o passar dos tempos, à medida que o senso moral ganha peso, a luta continua necessária ao desenvolvimento do Espírito, mas – de sangrenta e brutal que era – torna-se puramente intelectual e o homem passa a lutar contra as dificuldades da vida, não mais contra os seus semelhantes. (Pág. 97.)

75. Um leitor da Revista comunicou à direção dela um fato ocorrido em Montauban que impressionou a população: um pregador protestante, Sr. Rewile, capelão do rei da Holanda, num discurso pronunciado perante duas mil pessoas, afirmou-se claramente partidário das ideias novas difundidas pelo Espiritismo. Segundo a mesma fonte, o Sr. Rewile abordou com sucesso a questão das manifestações espíritas, em duas conferências dirigidas para alunos de uma Faculdade. (Págs. 97 a 99.)

76. Reportando-se a um artigo publicado a 5/3/1865 no Journal de Saint-Jean D’Angély, escrito pelo dr. A. Chaigneau, renomado médico da região, Kardec diz que o jornal que o publicou não é ligado ao Espiritismo e, com certeza, um ano antes não teria acolhido referida matéria, que desenvolve os princípios da doutrina. Ele conclui, portanto, que o fato – tal como se verificou em Montauban – estava a indicar uma melhor aceitação das ideias espíritas pela sociedade da época e uma ampliação do número dos seus partidários. (Págs. 99 a 102.)

77. Do ponto de vista da ideia espírita, acrescentou Kardec, o público se divide em três categorias: os partidários, os indiferentes e os antagonistas. As duas primeiras constituem a imensa maioria. Como os indiferentes ficam satisfeitos por encontrar numa discussão imparcial os meios de esclarecer aquilo que ignoram, os jornais nada têm a perder divulgando artigos simpáticos à doutrina, porque os partidários e os indiferentes são bastante numerosos para compensar as defecções que pudessem experimentar, se é que as experimentassem. (Pág. 102.)

78. Um assinante da Revista dirigiu uma carta a um irmão querido que havia falecido, pedindo-lhe que enviasse sua resposta por meio de um médium. O falecido atendeu ao pedido, respondendo às perguntas que o irmão, a pedido de seus pais, consignara na correspondência. (Págs. 103 a 105.)

79. Eis resumidamente o que o Espírito transmitiu à família: A) Por vezes é muito difícil aos Espíritos transmitir o pensamento através de certos médiuns pouco aptos a receber claramente, em seu cérebro, a impressão fotográfica dos pensamentos do comunicante. B) Os pais deveriam cessar o choro, porque as lágrimas servem para enervar e desencorajar as almas. Ele partira primeiro, mas em breve todos se encontrariam na vida espiritual. C) Sua morte, que tanto os afligia, constituíra, no entanto, o fim do cativeiro em que sua alma vivia na Terra. (Págs. 105 e 106.)

80. Vários ensinamentos ressaltam da comunicação precedente. O primeiro é a dificuldade experimentada pelo Espírito para se exprimir mediunicamente. É que a facilidade das comunicações depende do grau de afinidade fluídica existente entre o Espírito e o médium. Sem a harmonia entre um e outro, a única que pode levar à assimilação fluídica, tão necessária na tiptologia quanto na escrita, as comunicações são incompletas, impossíveis ou falsas. (Págs. 106 e 107.)

81. Constitui um erro, pois, impor um médium ao Espírito que se quer evocar. Cabe a ele escolher o instrumento. Se na reunião só houver um médium, existe um meio de atenuar a dificuldade: evocar o guia espiritual do médium e perguntar se a evocação de determinado Espírito é possível. Se houver incompatibilidade entre Espírito e médium, o comunicante pode transmitir seu pensamento por meio do guia do médium ou aceitar a sua assistência. Nesse caso, seu pensamento chegará de segunda mão. Vê-se, só por esse fato, quanto importa que o médium seja bem assistido, porque, se ele for dominado por um obsessor, um indivíduo ignorante ou orgulho, a comunicação será alterada. (Págs. 107 e 108.)

82. Em uma reunião realizada em Montauban, a Sra. G... – médium vidente e sonâmbula muito lúcida – viu quando um Espírito se curvou sobre sua perna e operou nela fricções e massagens sobre a região que, devido a uma entorse, doía muito. A operação foi muito dolorosa, mas ao cabo de dez minutos a entorse desapareceu, a inflamação se extinguira e o pé readquirira sua aparência normal. (Págs. 109 a 111.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Em quantas categorias, em face das ideias espíritas, Kardec dividia o público de sua época?

Ele o dividia em três categorias: os partidários, os indiferentes e os antagonistas. As duas primeiras categorias constituíam a imensa maioria. Como os indiferentes ficam satisfeitos por encontrar numa discussão imparcial os meios de esclarecer aquilo que ignoram, os jornais nada têm a perder divulgando artigos simpáticos à doutrina, porque os partidários e os indiferentes são bastante numerosos para compensar as defecções que pudessem experimentar, se é que as experimentassem. (Revista Espírita de 1865, pág. 102.)

B. As lágrimas dos pais, devido à desencarnação de um filho, são vistas de que modo pelos desencarnados?

Cada caso é um caso, mas a Revista publicou a mensagem de um Espírito que disse que seus pais deveriam cessar o choro, porque as lágrimas servem para enervar e desencorajar as almas. E acrescentou que ele partira primeiro, mas em breve todos se encontrariam na vida espiritual. Sua morte, que tanto os afligia, constituíra para ele o fim do cativeiro em que sua alma vivia na Terra. (Obra citada, pp. 103 a 106.) 

C. A afinidade fluídica interfere na maior ou menor facilidade das comunicações?

Sim. Diz Kardec que a facilidade das comunicações depende do grau de afinidade fluídica existente entre o Espírito e o médium. Sem a harmonia entre um e outro, a única que pode levar à assimilação fluídica, tão necessária na tiptologia quanto na escrita, as comunicações são incompletas, impossíveis ou falsas. (Obra citada, pp. 106 e 107.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/04/revista-espirita-de-1865-allan-kardec.html

 

 

 

 

 

 

 

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terça-feira, 23 de abril de 2024

 



A autoaceitação é sabedoria

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Aceitar a forma como se está ainda transitória é o primeiro céu claro a avistar. Pois de tantas relutâncias que já existem, ainda não haver a autoaceitação sem posicionar-se amavelmente a favor de si, sem dúvida, a vida se torna contrária demais à lei do amor. A resiliência é muito diferente do comodismo; em vários momentos ou até mesmo como necessidades próprias de determinada existência nos encontramos em situações mais delicadas do que um dia imaginadas. E está tudo bem, são passageiras e o novo tempo sempre chega, no entanto passar de uma maneira favorável, ainda que seja um momento difícil, é o reconhecimento da esplêndida oportunidade de mais uma existência, e isso é progredir.

Enquanto não aceitamos certos fatores e também a nossa circunstância, de fato, a vida fica impróspera, porque ela reflete a nossa movimentação. Se há alguma enfermidade, que a cura ou melhora sejam o objetivo, porém se, por algum motivo além de nossa singela observação, ela perdurar ou for congênita, o mais sensato a se fazer é amar-se ainda mais e ter consigo paciência, respeito e carinho. Se a situação é de relacionamento humano, então, que as melhores palavras possam ser ditas com uma dose bem generosa de mansidão. Caso outras ocorrências, de maneira permanente ou transitória, vierem com aviso ou de imprevisto, o amor é antes de tudo o sentimento mais acertado em qualquer tempo e lugar.

Ainda, se não houver aceitação de muitos fatos, eles continuarão a acontecer até que a compreensão seja mais determinada do que a resistência. Não se passa para um ano mais avançado na escola se não comprovar o aprendizado esperado e, assim, é igualmente com a escola da vida. Quando aceitamos as condições necessárias, tudo se torna mais suave e acolhedor; os dias perturbados e sem cor dão lugar às cores da harmonia.

A resiliência é uma das vertentes da coragem, pois aceitar algo que, por algum motivo maior, existe e assim continuará por certo tempo é sabedoria adquirida e confiança em Deus. Há o tempo mais calmo e também o mais desgastante; há a partida e a chegada; há a despedida e o reencontro; há a dor e a alegria; mas antes de qualquer situação há a eternidade e a vida pelo Criador.

O que for de nossa responsabilidade que façamos da melhor maneira com vontade. Se as situações forem além da nossa força que tenhamos a sabedoria vinda da fé para conduzi-las com luz, paciência e amor.

Quando houver mais aceitação, até mesmo a dificuldade diminuirá naturalmente, visto que a baixa resistência soltará as tensões e a suavidade da vida novamente retornará.

E ainda quando percebermos outras nossas novas resistências que possamos ser o nosso próprio apaziguador.

Na verdade, o que devemos ser é o nosso verdadeiro primeiro grande amor.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 

 

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